Morre no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro, o escritor e acadêmico João Ubaldo Ribeiro, aos 73 anos. Jornalista foi vítima de embolia pulmonar na madrugada desta sexta (18/07/2014). João Ubaldo era o 7º ocupante da cadeira número 34 da ABL. Veja o Bate-Papo AQUI
Várias coroas de flores chegavam à ABL durante toda a manhã, mas o corpo só chegou ao local por volta das 11h30.
De acordo com funcionários do Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul, o sepultamento dele estava previsto para ocorrer às 16h. Por conta das mudanças, o enterro poderá ser adiado para sábado (19).
O escritor era o 7º ocupante da cadeira número 34 da Academia Brasileira de Letras. Ele foi eleito em 7 de outubro de 1993, na sucessão de Carlos Castello Branco. O secretário geral da ABL, Domício Proença Filho, disse Ubaldo era um escritor voltado para o povo brasileiro
"Ele não vinha sempre, mas quando vinha era uma festa, com aquela voz de barítono, aquela alegria. Ubaldo era um escritor voltado para o povo brasileiro, a realidade brasileira, com a justiça social. Tinha personagens que retratavam bem essa realidade. Tenho certeza que Zecamunista deve estar muito triste hoje", disse Proença.
O presidente da ABL Geraldo Holanda Cavalcante contou que, nos quatro anos de presidência, encontrou com Ubaldo apenas uma vez, por conta de problemas de saúde do escritor.
"Ele deixa uma marca profunda na história do romance, com 'Viva o povo brasileiro' . Só estive com ele uma vez. Mas sei que ele era uma pessoa jovial, alegre, amigo e muito companheiro. Ele revolucionou o romance brasileiro com 'Viva o povo brasileiro' e 'Sargento Getulio'", disse o presidente.
João Ubaldo Ribeiro ganhou em 2008 o Prêmio Camões, o mais importante da literatura em língua portuguesa. Ele é autor de livros como “Sargento Getúlio”, “O sorriso dos lagartos”, “A casa dos budas ditosos” e “Viva o povo brasileiro”. Também ganhou dois prêmios Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1972 e 1984, respectivamente para o melhor autor e melhor romance do ano, por ‘Sargento Getúlio’ e ‘Viva o povo brasileiro".
Nascido em Itaparica (BA), Ribeiro viveu até os 11 anos com a família em Sergipe, onde o pai era professor e político. Passou um ano em Lisboa e um ano no Rio para, em seguida, se estabelecer em Itaparica, onde viveu aproximadamente sete anos.
João Ubaldo também se formou bacharel em Direito, em 1962, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), mas nunca chegou a advogar. Entre 1990 e 1991, o escritor morou em Berlim, na Alemanha, a convite do Instituto Alemão de Intercâmbio (DAAD – Deutscher Akademischer Austauschdienst).
Ele era pós-graduado em Administração Pública pela UFBA e mestre em Administração Pública e Ciência Política pela Universidade do Sul da Califórnia (USC).
O escritor foi professor da Escola de Administração e da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia e professor da Escola de Administração da Universidade Católica de Salvador. Como jornalista, trabalhou como repórter, redator, chefe de reportagem e colunista do Jornal da Bahia; foi também colunista, editorialista e editor-chefe da Tribuna da Bahia.
A formação literária de João Ubaldo Ribeiro iniciou ainda nos primeiros anos de estudante. Foi um dos jovens escritores brasileiros que participaram do International Writing Program da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos.Trabalhando na imprensa, pôde também escrever seus livros de ficção e construir uma carreira que o consagrou como romancista, cronista, jornalista e tradutor.
Obras
Os primeiros trabalhos literários de João Ubaldo Ribeiro foram publicados em diversas coletâneas, como “Reunião”, “Panorama do Conto Baiano”. Aos 21 anos de idade, escreveu o seu primeiro livro, “Setembro não tem sentido”, que ele desejava batizar como “A Semana da Pátria”, contra a opinião do editor. O segundo foi “Sargento Getúlio”, de 1971. Em 1974, publicou “Vencecavalo e o Outro Povo”, que por sua vontade se chamaria “A Guerra dos Paranaguás”.
Consagrado como um marco do romance brasileiro moderno, "Sargento Getúlio" filiou o seu autor, segundo a crítica, a uma vertente literária que sintetiza o melhor dos escritores Graciliano Ramos e Guimarães Rosa. A história é temperada com a cultura e os costumes do Nordeste brasileiro e, em particular, dos sergipanos. Esse regionalismo extremamente rico e fiel dificultou a versão do romance para o inglês, obrigando o próprio autor a fazer esse trabalho. A seu respeito pronunciaram-se, nos Estados Unidos e na França, as colunas literárias de todos os grandes jornais e revistas.
Em 1999, foi um dos escritores escolhidos em todo o mundo para dar depoimento, ao jornal francês Libération, sobre o Terceiro Milênio. E Viva o Povo Brasileiro foi o tema do exame de Agrégation, concurso para detentores de diploma de graduação na universidade francesa. Este romance e "Sargento Getúlio" constaram da maior parte das listas dos cem melhores romances brasileiros do século.
Prêmios
- Prêmio Golfinho de Ouro, do Estado do Rio de Janeiro, conferido, em 1971, pelo romance Sargento Getúlio;
- Dois prêmios Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1972 e 1984, respectivamente para o Melhor Autor e Melhor Romance do Ano, pelo romances Sargento Getúlio e Viva o povo brasileiro;
- Prêmio Altamente Recomendável - Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil,1983, para Vida e Paixão de Pandonar, o Cruel ;
- Prêmio Anna Seghers, em 1996 (Mogúncia, Alemanha);
- Prêmio Die Blaue Brillenschlange (Zurique, Suíça);
- Detém a cátedra de Poetik Dozentur na Universidade de Tubigem, Alemanha (1996).
- Prêmio Lifetime Achievement Award, em 2006;
- Prêmio Camões, em 2008.
Do G1 Rio
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