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domingo, 29 de maio de 2011

A Aula do Barcelona

Foto Divulgação
Roberto Sander
Carioca de Ipanema, mas radicado no Leblon, Roberto Sander é jornalista há 25 anos. Formou-se pela PUC-RJ e trabalhou durante duas décadas na TV Globo e SporTV, entre outros importantes veículos de comunicação. Desde 2004, iniciou a carreira de escritor. Em 2008, criou, ao lado do jornalista Paschoal Ambrósio Filho, a
Maquinária Editora, especializada em literatura esportiva. Tem oito livros publicados. Nesse espaço, vai comentar os jogos dos times do Rio no fim de semana.

A Aula do Barcelona

Foram 90 minutos de algo que não via há muitos, muitos anos. Um time jogando futebol de verdade. Confesso que não tenho muito interesse pelo futebol internacional. Mas quando se trata de ver o Barcelona, me rendo completamente. Paro com tudo, me coloco diante da tevê, hipnotizado, com o ritmo, a intensidade, a capacidade de troca de passes e a lisura do futebol do clube catalão. É um jeito de jogar tão espetacular e envolvente que faz com que um timaço como o do Manchester United pareça um adversário de terceira categoria.

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No futebol brasileiro, o último time que vi jogando de forma parecida foi o do Flamengo da Era Zico. Antes disso, me recordo do Palmeiras de Ademir da Guia, não por acaso uma equipe apelidada de “Academia”, sem contar com o Santos de Pelé e o Cruzeiro de Tostão que vi apenas umas poucas vezes no fim das suas existências quando já não se exibiam com tanto brilhantismo.

O fato é que o desempenho de Messi & Cia. confirma uma tese que tenho sobre o chamado futebol moderno – de falta de espaços, de maior velocidade e de preparação física levada às últimas conseqüências –, no qual – dizem alguns tolamente – Pelé e Garrincha, por exemplo, não fariam tanto sucesso. Quando se tem “bola” nada disso impede que o craque apareça e desequilibre, como desequilibra não só Messi, mas também Chavi, Iniesta, David Villa e o nosso Daniel Alves.


Fábio Ferreira ficou com o rebote em escanteio cobrado por Everton

O difícil depois foi acompanhar a Botafogo e Santos pelo Campeonato Brasileiro. Joguinho tão ruim que se um E.T tivesse acabado de chegar à Terra e fosse apresentado ao futebol assistindo às duas partidas, muito provavelmente acharia que estava conhecendo esportes diferentes. Um cheio de arte, refinado, emocionante; e o outro rústico, tosco e sonolento. Mas não sejamos tão pessimistas. Nem o Santos – que na verdade tinha um time misto – nem o Botafogo – também bastante desfalcado – são tão fracos assim e a tendência é que apresentem um melhor futebol ao longo da temporada. Melhor para o Alvinegro que faturou três pontos e aliviou a pressão depois da estreia lamentável contra o Palmeiras.

Já Flamengo e Bahia até que fizeram um jogo interessante: bem disputado, de muitos gols e indefinido até o fim. Melhor para o Bahia que empatou, aos 45 minutos, quando tinha um jogador a menos em campo. Para o Rubro-Negro ficou aquele gostinho amargo de derrota, mas, concretamente, não foi um resultado tão ruim, afinal o jogo foi fora de casa.

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R10 chuta para abrir o placar para o Flamengo contra o Bahia

Além disso, o Bahia, que volta empolgado para a Série A, tem um time bem armado pelo experiente Renê Simões e joga com muita velocidade. O destaque foi o problemático Jobson, que criou muitas jogadas, fez dois gols, mas acabou, pra variar, fazendo besteira ao tirar a camisa na comemoração – levou um desnecessário cartão amarelo.

Finalmente, o Tricolor das Laranjeiras. No jogo contra o Atlético (GO), o time não fez uma grande partida, mas deu para o gasto. Nesse momento, o importante é acumular pontos para que quando o técnico Abel chegue a pressão de vitórias não seja tão grande e, assim, ele possa trabalhar com mais tranquilidade. Ressalto a boa atuação de Deco. Vamos ver ele agora embala e justifique a fama de craque sem que problemas de contusão o atrapalhem.

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Leandro Euzébio comemora único gol da noite no Serra Dourada

Ah, pra terminar, lembro outra lição do Barcelona de Messi que devia ser aprendida pelos nossos jogadores: a forma de comemorar os gols. Sem afetação, sem frescura, sem dancinhas, sem ridículos bondes sem freio, etc. Os caras do Barça vibram e comemoram como homens, com emoção espontânea, verdadeira, como sempre fizeram os grandes craques do futebol. Ou alguém já viu Pelé, Zico, Falcão, Ademir da Guia, Rivelino e Tostão, entre outros, rebolando depois de marcar um gol?

Um abraço e até a próxima semana.

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