Roberto Sander
Carioca de Ipanema, mas radicado no Leblon, Roberto Sander é jornalista há 25 anos. Formou-se pela PUC-RJ e trabalhou durante duas décadas na TV Globo e SporTV, entre outros importantes veículos de comunicação. Desde 2004, iniciou a carreira de escritor. Em 2008, criou, ao lado do jornalista Paschoal Ambrósio Filho, a Maquinária Editora, especializada em literatura esportiva. Tem oito livros publicados. Nesse espaço, vai comentar os jogos dos times do Rio no fim de semana.
Com o Campeonato Carioca decidido na semana passada, tivemos um domingo sem futebol no Rio de Janeiro. Sem futebol, mas com ondas maravilhosas que atraíram surfistas, fotógrafos e curiosos para a Avenida Niemeyer, de onde se tinha uma visão privilegiada das paredes de água que, em série, avançavam do oceano na direção do Leblon. Assim que acordei, às sete da manhã, pude contemplar esse espetáculo da natureza que os ventos de maio, todos os anos, começam a trazer para o deleite de big-riders, de moradores do bairro e de todos aqueles que o visitam.
Boas ondas à parte, voltemos ao nosso velho esporte bretão e às participações dos clubes do Rio na rodada do meio da semana passada. Os resultados de Fluminense, Flamengo e Vasco nos fornecem um bom material para que possamos fazer projeções do pode acontecer no Campeonato Brasileiro que começa ainda este mês.
O Fluminense perdeu a classificação melancolicamente para o Libertad do Paraguai. Um resultado que apenas confirma o que percebo sobre esse time desde a disputa do Brasileirão, quando chegou ao título muito pelo empurrão que recebeu de Palmeiras e São Paulo, na reta final da competição, em um momento em que a equipe mostrava nítido declínio – vide a final contra o rebaixado Guarani, jogo em que atuou muito mal, vencendo com um gol chorado do hoje banido Emerson.
O fato é que quando mais se espera do time, aí é que ele mais fracassa; e quando já não se tem qualquer esperança de vitória, há um renascimento das cinzas. Na verdade, o Fluminense prima pela irregularidade. É incapaz de ter uma sequência de boas partidas. E pra ser sincero mesmo, acho que é incapaz de realizar uma grande partida sequer de bom nível. Normalmente quando vence é no sufoco, misturando um espírito de luta pontual com alguma sorte.
Entre outros grandes problemas – falta de treinador, de estrutura, etc –, alguns de seus principais jogadores andam em péssima fase. Ricardo Berna falha em praticamente todos os jogos; Mariano, que parecia ser um lateral bastante promissor, de nível de seleção, pratica um futebol burocrático, sem aquela volúpia de tempos atrás; Conca, depois da cirurgia do início do ano, nunca mais foi o mesmo, parece eternamente sem ritmo de jogo; Já Fred passa a impressão de ser um veterano. Aos 27 anos, se movimenta como se tivesse uns 35. E isso não é de hoje. Mas como tem nome vai empurrando com a barriga – mas o gol que perdeu no Paraguai, no segundo tempo, é típico de um jogador fora de forma. Dizem as más línguas que as noites andam longas demais para o artilheiro tricolor.
Abel que chegue logo porque se a coisa continuar desse jeito, a festa do Brasileiro de 2010 vai se transformar em mais uma enorme decepção esse ano.
Já o Flamengo perdeu feio para o Ceará em casa. Perdeu feio porque, tal como o Fluminense, o time não tem esquema tático e seus principais jogadores não fazem nada. Ronaldinho Gaúcho é o Fred do Flamengo. Pesado, devagar quase parando. Sua falta de inspiração é impressionante, sobretudo quando se sabe que talento não lhe falta. O David também é uma negação. Campeão de duas edições da Copa do Brasil – pelo Corinthians e Cruzeiro – ele mostrou na quinta passada que dificilmente repetirá a dose pelo Flamengo. Isso se continuar do time, já que, mais uma vez, o Vanderlei entrou e jogou muito mais, mesmo ganhando muito menos.
Não tenho dúvida de que o Flamengo tem que melhorar muito para dobrar o Ceará em Fortaleza. Mas, honestamente, vejo poucas possibilidades de isso acontecer. Os jogos invictos no Campeonato Carioca apenas encobriram a triste realidade de que esse time está longe de ser uma equipe capaz de se impor diante de adversários mais qualificados.
Já o Vasco conseguiu um bom empate fora de casa contra o sempre aguerrido Atlético Paranaense. Ao contrário de Flamengo e Fluminense, me parece uma equipe em ascensão, que, se tivesse um pouco mais de ousadia, teria, no mínimo, provocado um jogo final para decidir o campeonato carioca. De qualquer forma, vai enfrentar um adversário de qualidade, que, mesmo fora de casa, deverá dar muito trabalho.
Enquanto isso, o nosso Botafogo segue trabalhando em silêncio. As notícias que recebo de quem acompanha a rotina do clube é de que os jogadores treinam em tempo integral, com bastante disposição. E o melhor: sem reclamar!
Pois é: nesse me engana que eu gosto do futebol carioca, onde a preguiça e a falta de profissionalismo parecem contaminar os nossos “grandes craques”, isso já uma grande coisa.
Vide o Coritiba: com vários jogadores com passagens medíocres por grandes clubes – caso de Léo Gago (o maestro do meio campo) e Bill (o grande artilheiro) – o clube paranaense vem assombrando o Brasil batendo um incrível recorde de vitórias seguidas. Um sucesso alcançado graças a um detalhe que deveria ser lei no dia-a-dia dos clubes brasileiros: comprometimento com o trabalho.
O resultado disso é um time dinâmico que corre e marca durante os 90 minutos da partida. Bastou isso para arrasar um Palmeiras que joga no ritmo devagar quase parando de seus co-irmãos paulistas e cariocas. O ritmo da indolência que rege atualmente o nosso futebol.
Por tudo isso, torço pelo sucesso do Coritiba na Copa do Brasil. E que esse sucesso abra os olhos dos outros times que disputarão o Campeonato Brasileiro.
Um abraço e até o próximo domingo.
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