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sexta-feira, 21 de março de 2008

Leblon se tornou novo centro financeiro do Rio

No Leblon estão gestores de recursos que administram cerca de R$ 25 bi
O bairro, que serve de pano de fundo para as novelas de Manoel Carlos e reúne parte da boemia carioca, agora abriga pelo menos nove das principais assets (gestoras de recursos) do Rio — que, juntas, cuidam de cerca de R$ 25 bilhões.
Há sete anos instalado no Leblon, onde fica o banco Arbi, do qual é sócio, Luiz Fernando Pessôa foi um dos personagens da cena pitoresca, mas não revela quem encontrou de sunga: — Eu estava acostumado a encontrá-lo apenas de terno, e de repente o vi voltando da praia. Eu o cumprimentei, constrangido, mas achei legal. Só mesmo no Leblon isso poderia acontecer. Executivo: com tempo para dar um pulo em casa
Ex-diretor do Banco Central, o economista Ilan Goldfajn também escolheu o bairro para instalar a Ciano Investimentos, no início de 2007. Entre as vantagens, ele cita o fato de poder dar um pulo em casa, no meio do dia, ou de fugir para reuniões na Casa das Garças, onde se encontra com economistas do Rio em seminários para discutir os rumos do país.
— Economizo, pelo menos, uma hora e 20 minutos para ir e voltar, na comparação com o Centro da cidade. Posso usar uma parte desse tempo trabalhando e a outra almoçando em casa, por exemplo — diz Goldfajn, que mora a seis minutos do escritório.
Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, também escolheu o bairro para instalar a Gávea Investimentos. Gostou tanto que resolveu comprar um prédio, na Ataulfo de Paiva, perto da Rainha Guilhermina, para onde se mudará em alguns meses. Rumores do mercado dão conta que o objetivo é levar outras assets para o local, mas ele não confirma.

Metro quadrado custa até 10 vezes mais que no Centro

O ex-diretor executivo da Globopar Mauro Molchansky é um dos donos do Leblon Corporate.
O prédio hospeda várias das empresas de gestão de recursos alojadas no Leblon, entre elas, a Gávea Investimentos.
Além disso, ele tem uma empresa de gestão de fortunas, a Real Assets.— A maior parte dos meus clientes mora aqui por perto ou em São Conrado e Barra, e acaba passando pelo Leblon.
Sem contar os paulistas e estrangeiros que, quando vêm ao Rio, ficam hospedados em hotéis da Zona Sul — diz.
Segundo Paulo Cezar Ximenes, corretor especializado em imóveis de alto luxo, o valor do metro quadrado do Leblon supera em até 10 vezes o do Centro da cidade, indo de R$ 6 mil a R$ 21 mil.
O sócio-diretor da Meta, Alexandre Resende, diz que o gasto compensa: — Nossa equipe tem só 12 pessoas e não precisamos de tanto espaço — diz o executivo, cuja empresa, que administra R$ 750 milhões, ocupa uma área de 180 metros no prédio da Brasif, uma de suas acionistas.

Outra vantagem citada pelos donos de assets no Leblon é a segurança.

— O Centro está decadente: lá há mais violência, trânsito ruim e muitos camelôs. Tudo isso influencia na qualidade de vida — diz Jorge Eduardo Gouvêa, sócio da AAA Gestão.
Para Marco Franklin, da Paraty Investimentos, a grande vantagem do bairro está na proximidade com PUC, Cândido Mendes e UniverCidade.
— Fica mais fácil contratar trainees para a empresa. É perto das universidades e eles se sentem estimulados — diz.
Reuniões em hotéis de luxo ou em restaurantes como o Garcia & Rodrigues e o Esch Café dão um charme a mais ao negócio.

Mas a captação de investidores é inusitada.

— A gente já arranjou uma série de clientes trocando cartões na garagem — diverte-se José Alberto Tovar, diretor-geral do BNY Mellon Arx.

Fonte: Jornal O Globo

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